Naturezas mortas, seres vivos, polípticos e representações compõem a nova exposição da fotógrafa na Galeria da Gávea, com abertura em 11/9 Onze anos depois de apresentar no Centro Cultural da Justiça Federal a exposição Meninas do Rio, em que fotografou 19 garotas da Zona Norte e arredores da cidade em dois momentos diferentes de vida, Ana Stewart volta a exibir um trabalho fortemente autoral na exposição Inocência, que será inaugurada dia 11 de setembro na Galeria da Gávea. Inocência reúne 33 fotografias realizadas a partir de 2013. Os lugares são variados – entre eles Espanha, França, Itália, Califórnia e Teresópolis. São fotografias realizadas pelo mundo, mas sobretudo no círculo íntimo da artista em Teresópolis, onde há mais de 50 anos ela cultiva num universo pastoril galinhas, patos, perus, porcos, coelhos, cabras e ovelhas, presentes na exposição lado a lado com exemplares de animais de museus de história natural. Juventude e inocência são temas que permeiam a exposição. Às vezes através de um acessório cênico – o vestido usado pela atriz Olivia Hussey no filme Romeu e Julieta, de Franco Zeffirelli. Ou na representação do espetáculo itinerante Paixão de Cristo, realizado desde 1968 em Nova Jerusalém (PE), e fotografado por ela para compor um dos quatro polípticos que exibe na mostra. Os polípticos foram livremente inspirados em retábulos pré-renascentistas, compostos de uma imagem principal e outras secundárias, arrematadas por uma predella (parte inferior da obra com imagens que complementam a cena principal). Em outros conjuntos montados em pares, como a série Sete erros, ela provoca o visitante a identificar as sete diferenças entre duas fotografias densamente povoadas de objetos – a manipulação, feita na hora, em intervalo de segundos, é um contraponto à manipulação digital contemporânea. Autor do texto de apresentação de Inocência, o professor de História da Arte Marcos Pires de Campos faz a síntese da exposição: "Ana tem para o mundo um olhar inaugural. Vê como Adão antes de dar nome às coisas; vê com olhos livres. Ela nos devolve a inocência. Vamos participar de um jogo de recomposição. Suas fotos solicitam nossa imaginação, essa 'rainha das faculdades humanas', como disse Baudelaire."